Sexta-feira primaveril em fim de Outubro. Fim de tarde na minha cidade, com as pessoas a regressarem a casa e a deixarem os espaços em silêncio. Óptima altura para deambular por entre as pedras que contam histórias que provavelmente nunca aconteceram, mas que povoam o nosso imaginário.
Esperem pela noite, munam-se de olhar atento e passeiem sem destino pelas ruelas da cidade histórica como se por elas caminhasssem pela primeira vez.
Dizia-me ontem um arquitecto, que as cidades antigas têm uma forte carga erótica, onde nada é óbvio e tudo é descoberto ao caminhar. Concordo plenamente com ele. Quem a quiser sentir tem que a percorrer e estar disponível para a descobrir por entre as ruas estreitas, que desembocam em imprevisíveis praças para de novo mergulhar em recantos que só alguns são capazes de usufruir.
A Évora histórica é uma cidade onde é possível descobrir sempre algo de novo, mas que sempre lá esteve. É uma cidade para se percorrer como um corpo que se descobre de cada vez que se toca.
Deixo uma sugestão para um fim de noite tranquilo, sentados no chão, com ou sem um copo na mão. A música de John Dowland, um songwriter nascido nas ilhas britânicas em 1563, interpretada por Sting e Edin Karamazov. Songs from the labyrinth uma edição da Deutsche Grammophon.