Andei no baú das coisas que por vezes escrevo e escondo. Encontrei um texto sem data e, provavelmente, sem sentido. Porque escolhi este espaço para colocar o que não é suposto ser colocado, aqui vos deixo algo que escrevi num dia em que, provavelmente, estaria pouco recomendável.
Esplanada
Na sexta-feira passada parei numa esplanada fantástica. Um restaurante entre São Torpes e Porto Covo. Virada para o sol no momento em que ele se põe. Abrigada.
Para aquela esplanada levava uma máquina fotográfica, um livro e capacidade de observação. Pedia um vinho branco, fresco. Esperando pelo anoitecer, esperando que alguém surgisse do nada e pedisse para se sentar em silêncio. As palavras cada vez mais me atrapalham os sentidos.
Depois, quando Sol penetrasse o Mar naquele momento único e mágico, fumaria um cigarro a meias. Fumar um cigarro a meias pode ser uma forma sublime de beijar.
Emprestariamos as mãos um ao outro, para descobrir as linhas em que não nos queremos enredar. E assim ficaríamos a noite toda, esperando o amanhecer em cada um.
A esta hora perguntam-me mas afinal para que querias tu o livro e a máquina fotográfica. Eu explico. O livro porque me dá um ar inteligente (principalmente se escrito noutra língua qualquer), a máquina fotográfica para a eventualidade de não aparecer ninguém e eu não poder parar o tempo no teu olhar.
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Ainda bem que esse baú não foi atingido por alguma humidade ou qualquer outro fenónemo que pudesse pôr em risco o seu conteúdo! Mais cedo ou mais tarde, o Inverno vai chegar. Não será uma boa altura para pôr cá para fora outras "relíquias" que certamente estão dentro baú? Fica o desafio!
ResponderEliminarOra aqui temos um texto poético embora se trate de prosa, sob o ponto de vista formal (muito gosto eu de falar/escrever sobre coisas das quais nada sei).
ResponderEliminarNum primeiro instante, reajo mal: a poesia não enche barriga!
A lembrança de Gedeão faz-me recuar: "...Todo o tempo é de poesia! Desde a arrumação do caos, até à confusão da harmonia!..."
Abraço.
alberto,é melhor não ficares zangado com o eduardo,porque ele é assim.
ResponderEliminaradora escrever nessa maneira poética, e talvez não conseguisse viver sem ela.
essa de emprestar as mãos um ao outro tem que se lhe diga...:))
ResponderEliminar"Nem às paredes confesso" dizia o Tony de Matos, e lá tinha as suas razões. Há paredes que têm espelhos com o dom de distorcerem a nossa imagem e principalmente o nosso olhar.
ResponderEliminarOs baús da nossa criatividade e da nossa imaginação nunca correm o risco de perderem o seu tesouro nem a validade da sua substância.
Acautelemos o seu recheio precioso das paredes com "espelhos mágicos".
Mas gostei, gostaria de ter estado na esplanada, mas noutra mesa porque não fumo cigarros.
Um abraço
Belíssimo texto Eduardo!
ResponderEliminar...
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.
Natália Correia
Formas de ver Alberto... :-)
Obrigado, Sílvia!
ResponderEliminarEssa tirada da Natália Correia não poderia vir mais a propósito.
Como sei e entendo o que escreveste.
ResponderEliminarobrigada por partilhares comigo uma coisa tão tua.
um beijinho